O Brasil como protagonista do real avanço tecnológico
Tito Costa, CRO da Elea Digital Data Centers.
O mundo está mudando. Nos últimos anos, a inteligência artificial (IA) ganhou espaço e destaque e vem se consolidando como uma das tecnologias mais promissoras da nossa era. A crescente demanda, obviamente, acontece em virtude dos inúmeros benefícios que a IA oferece. Diversos setores são impactados pela nova tecnologia. E essa revolução, consequentemente, também afeta os negócios. A automação dos processos, análise de dados específicos e a personalização de serviços são apenas alguns exemplos do que vivenciamos na nossa rotina. A IA está transformando as organizações, afetando diversas carreiras e negócios.
Profissionais de diferentes áreas já conseguem perceber os benefícios e desafios trazidos pela nova tecnologia. Nós, que atuamos na área de infraestrutura digital, notamos que o IA trouxe consigo uma necessidade muito maior por poder computacional. Eu, por exemplo, tenho visto essa evolução no meu dia a dia como CRO de uma empresa de data centers – tanto nas operações quanto na troca de experiências com outros atores do mercado. Um comentário que tem sido cada vez mais mencionado é a questão dos chips, exemplos de commodities muito valiosas na atualidade.
Fundamentais nesse processo de avanços, os chips têm sido uma matéria-prima explorada na IA generativa. As empresas do setor, por meio de seus avanços em hardware, têm liderado esse movimento, impulsionando a indústria rumo a novas possibilidades. Essa visão que temos de um futuro em que robôs convivem conosco, desafiando a ficção da realidade é algo cada vez mais palpável e foi debatido em um evento que tive a oportunidade de acompanhar. O papel desse pequeno dispositivo é crucial no desenvolvimento de inteligências emergentes. É válido ressaltar que esse cenário não desencadeia apenas uma corrida pela excelência na produção de chips. O momento alimenta uma crescente demanda por GPUs também.
Isso não acontece à toa. Ao focar seus esforços na produção de chips cada vez mais potentes para suportar a crescente demanda de IA, as empresas do setor têm pontuado uma questão importante: a escassez de recursos e a dependência excessiva de importações para atender à demanda. Essa crise global foi intensificada na pandemia e revela muito a fragilidade dessa dependência. E é diante desse contexto que eu cito o Brasil.
Ao que tudo indica, em 2024, a indústria de TI terá um crescimento de 5% em toda a América Latina, e as plataformas de IA irão expandir para 38%. Esses dados são da International Data Corporation (IDC) que apontou uma expectativa de crescimento de 12% – apenas no Brasil. Apenas para relembrar, no final do ano passado, nosso país subiu cinco posições no IGI (Índice Global de Inovação) e passou a ser o primeiro colocado da América Latina no ranking. Essa é uma oportunidade única de promovermos nosso mercado e impulsionarmos todo o setor – além de nos fortalecermos no mercado global de tecnologia e infraestrutura digital. Um dos meios para alcançar esse objetivo é através da motivação pública.
Vejo que necessitamos de um olhar atento em diversos âmbitos do nosso setor. Desde o incentivo à educação tecnológica, para desenvolvermos jovens talentos capacitados e especializados capazes de criar tecnologias emergentes, até a cadeia de suprimentos e a logística de importação de equipamentos e matéria-prima. As políticas de incentivo à inovação e ao empreendedorismo são essenciais para criar um ambiente favorável para produção e criação de novas técnicas e recursos para a indústria. A motivação pública impulsiona todo o ecossistema de tecnologia nacional.
O momento para agir é agora. Enquanto a demanda por chips continua a crescer exponencialmente, o Brasil tem a oportunidade de moldar ativamente seu futuro tecnológico. Ao adotar uma abordagem proativa, focada na criação de um ambiente favorável à inovação e investimento em tecnologia, nosso país pode transformar desafios em oportunidades e se posicionar como um líder na era da inteligência artificial. Por isso, é, mais do que nunca, necessário incentivo. Os dados e análises não mentem. Nosso país também tem tido um papel muito relevante nessa transformação, mas penso que para assumir esse papel, em um cenário promissor, é fundamental que o estímulo à inovação e à produção de tecnologia local seja prioridade.